Dezembro - 2024

A primeira igreja cristã (Fonte Editorial, 2024, 464 páginas, R$109,90), de Juliana Batista Cavalcanti, é uma análise antropológica e histórica dos primeiros cristãos da cidade romana de Dura-Europos, no Síria. Partindo de evidências arqueológicas de uma casa-igreja, localizada próxima a uma sinagoga e um mitreu, além de três retratos de Jesus, datados do século III, a autora busca compreender as influências culturais e as relações cotidianas entre os primeiros cristãos, judeus e politeístas presentes na região. Para a autora, é possível vislumbrar uma rede de subjetividade entre esses sujeitos, de forma que há influências mutuas no desenvolvimento de suas identidades religiosas, o que gera uma tolerância religiosa entre esses grupos. Assim, é possível compreender de maneira mais ampla o ambiente doméstico e a convivência diária, bem como os entrelaçamentos culturais, desses diferentes grupos.

Valuing Labour in Greco-Roman Antiquity (Brill, 2024, 423 páginas, $153), organizado por Kim Bowes e Miko Flohr, aborda a ideia de trabalho em diferentes contextos, bem como quais tipos de trabalho têm valor e sob quais circunstâncias. Utilizando uma ampla variedade de fontes, de evidências arqueológicas a tratados de agronomia, os autores buscam contextualizar as experiências reais de trabalho na Antiguidade. Para os autores, o trabalho estava incorporado na vida social, entretanto, ele era tratado, em vários contextos e, frequentemente, pelos próprios trabalhadores, como secundário aos seus laços sociais e familiares. Os autores também defendem que havia um conhecimento geral sobre técnica e qualificação do trabalho, e que não profissionais deveriam ser capazes de reconhecer técnica e qualidade. Assim, longe de um aspecto negativo, o trabalho se enraiza na vida social como um motivo de orgulho.